ESCÂNDALO PROCONSULT: a mal-sucedida tentativa de fraude contra Brizola

Em 1982, foi realizada no país a primeira eleição direta para governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores após a implantação do Regime Militar. Antes disso todas as escolhas eram indiretas, de acordo com os interesses do regime autoritário. Na época não existia um sistema de totalização eletrônico dos votos. As apurações eram manuais e demoravam vários dias para saber o resultado. O TSE não tinha um sistema de totalização próprio, por isso contratou empresas particulares para isto. Na maioria dos estados da nação este encargo ficou por conta da Serpro, mas no Rio de Janeiro, a fase final da apuração foi encarregada à Proconsult. Os candidatos a governador daquele estado eram Moreira Franco (PDS – apoiado pelos remanescentes do regime militar) e Leonel Brizola (PDT). As pesquisas anteriores à eleição apontavam grande vantagem para Brizola. Mas assim que começou a apuração no Rio de Janeiro, um clima tenso se instaurou naquele estado. A Rede Globo se pautava na central de dados preparada pelo jornal O Globo, que recebia as informações diretamente da Proconsult. Os dados denotavam a vitória de Moreira Franco. Porém a Rádio Jornal do Brasil demonstrava que o possível vitorioso seria Leonel Brizola. Um desencontro de informações e a morosidade nas apurações deixaram a população do Rio de Janeiro apreensiva e, principalmente o candidato Brizola, que levantou a hipótese de fraude nas eleições, acusando a TV Globo de estar mantendo certa tendência a Moreira Franco. Leonel Brizola fez declarações para a imprensa internacional insinuando um acordo de manipulação dos resultados contra ele. Tais declarações deixaram os dirigentes da Rede Globo em polvorosa e a obrigaram a abrir espaço para o candidato, numa entrevista bombástica. O TSE pediu a Polícia Federal que abrisse um inquérito para investigar as acusações e somente depois de muitos dias os eleitores souberam quem realmente estava na frente. No final, a apuração paralela feita pela Rádio Jornal do Brasil foi a que estava mais próxima dos resultados do TRE. Este caso, na época deixou a Globo em uma situação constrangedora diante da opinião pública, porque levantou à tona que o jornalismo da emissora não é tão imparcial quanto ela faz a população acreditar que é.

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