DEBATES NA TV: COMO A EDIÇÃO MEXEU COM A VISÃO QUE TEMOS HOJE

Era a primeira vez que os brasileiros iriam às urnas escolher diretamente o presidente da República após o final da Ditadura. Em 1989 um pool formado com as quatro principais emissoras de TV no Brasil (Globo, Manchete, SBT e Bandeirantes), realizou no dia 14 de dezembro daquele ano, durante o segundo turno, um debate entre os candidatos Fernando Collor de Melo (PRN) e Luiz Inácio da Silva, o Lula (PT). O programa teve quase três horas de duração e várias farpas foram trocadas entre os presidenciáveis. Todo o país parou em frente aos televisores para assistir aquele momento que representava um marco para a democracia. Mas o que era para ser uma discussão das propostas de governo dos dois políticos se transformou em mais uma polêmica envolvendo a Rede Globo. No dia seguinte ao debate, o Jornal Hoje e o Jornal Nacional exibiram trechos do programa, em que parecia que o candidato do PRN teria se saído melhor em suas declarações. A direção do PT protestou contra a edição das matérias veiculadas nos dois telejornais, por achar que a emissora estava privilegiando Fernando Collor. A Globo se defendeu alegando que escolheu os melhores momentos do debate, mas os critérios de escolha se assemelhava à edição de uma partida de futebol. O resultado deste episódio maculou a imagem da emissora durante um tempo, e de certa maneira prejudicou o desempenho do candidato petista nas urnas. Por conta disto, hoje tanto a Rede Globo como outras emissoras de TV têm o cuidado de apenas mostrar os bastidores de debates eleitorais, a expectativa da população nas ruas e apenas mostrar a face de cada candidato, sem se ater às declarações destes durante o debate. Isto resguarda a emissora de possíveis processos e de novamente ter a imagem arranhada diante da opinião do público.

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